Zoneamento Ecológico-Econômico Preliminar

Cenário das Cidades-base e dos Territórios Autônomos

18/10/2013

 

 

 

A análise do desenvolvimento do interior aponta para o aumento da participação dos centros urbanos intermediários no processo de urbanização do Estado[1]. Tais centros são as cidades-base.

 

Do ponto de vista econômico e social, as cidades-base constituem uma rede com alto potencial de desenvolvimento, cujo êxito pode gerar efeitos multiplicadores em suas regiões ou subespaços regionais. São cidades estratégicas para o desenvolvimento. No Estado da Bahia, as 28 cidades da rede básica concentram 80% dos fluxos econômicos e sociais, quase 50% da população, 100% das matrículas no ensino superior, cerca de 84% dos médicos e 70% dos dentistas, 80% das atividades de comércio e serviços[2]. A metrópole de Salvador[3] e as cidades de Camaçari e Feira de Santana são as mais significativas desta rede, pois concentram mais de 60% das atividades econômicas e, por consequência, têm sido alvo de maior atenção do governo.

 

Alagoinhas Feira de Santana Itapetinga Santo Amaro
Barreiras Guanambi Jacobina Sto. Ant. de Jesus
B. Jesus da Lapa Ilhéus Jequié Senhor do Bonfim
Brumado Irecê Juazeiro Serrinha
Camaçari Itamaraju Paulo Afonso Teixeira de Freitas
Cruz das Almas Itaberaba Porto Seguro Valença
Eunápolis Itabuna Salvador Vitória da Conquista

 

Entre estas cidades estão cidades comerciais de porte interestadual (Teixeira de Freitas, Eunápolis, Itabuna, Santo Antonio de Jesus, Barreiras), cidades comerciais de abrangência local (Itapetinga, Jacobina, Serrinha, Senhor do Bonfim, Brumado, Guanambi, Bom Jesus da Lapa, Cruz das Almas, Itaberaba e Itamaraju) e cidades turísticas (Porto Seguro). Estas cidades apontam para o aumento da participação dos centros urbanos intermediários no processo de urbanização do Estado[4].

Políticas que visem promover eixos de desenvolvimento no território do Estado Bahia (ver) podem exercer forte influência sobre a rede básica, pois, além de fortalecê-la, podem também complementá-la com o fortalecimento de cidades emergentes que apresentem vantagens competitivas.

Estas vantagens são ditadas pela capacidade das mesmas em atrair a produção dos espaços no seu entorno, escoando-a para a capital ou para grandes centros metropolitanos do país e do exterior ou pela sua importância para os novos fluxos turísticos. São consideradas emergentes, dentre outras, as cidades de Luís Eduardo Magalhães (eixo do São Francisco-Oeste), estratégica para o escoamento de grãos e de Conde (eixo Grande Recôncavo–Litoral Norte), estratégica para o turismo.

 

Apesar da concentração dos fluxos econômicos e sociais e da atenção que recebem de programas específicos de governo, as cidades da rede urbana básica apresentam problemas relevantes não só de qualidade ambiental e de vida, como de desenvolvimento institucional e de constituição de “chassis” que possam favorecer sua competitividade econômica e sua liderança nos processos de integração regional. Estes problemas se apresentam, assim, em três instâncias – interurbana, urbana e intra-urbana – e precisam ser equacionados para que as cidades estratégicas desempenhem suas funções e contribuam para a efetiva implantação de uma política de desenvolvimento urbano do Governo do Estado.

 

Dentre os problemas relevantes de caráter regional da rede básica estão os que dizem respeito ao atendimento de equipamentos sociais de porte regional, tais como universidades e centros de pesquisas, hospitais regionais, unidades de ensino de segundo grau, redes de telefonia, assim como os que dizem respeito às condições de acessibilidade e transportes[5].

 

Apesar da concentração dos fluxos econômicos e sociais e da atenção que possam receber de programas específicos de governo, essas apresentam problemas relevantes não só de qualidade ambiental e de vida, como de desenvolvimento institucional e de constituição de “chassis” que favoreçam sua competitividade econômica e sua liderança nos processos de integração regional. Estes problemas se apresentam em três instâncias – interurbana, local e intra-urbana – e precisam ser equacionados para que as cidades estratégicas contribuam para a efetiva implantação de políticas de desenvolvimento urbano do Governo do Estado.

 

Dentre os problemas relevantes de caráter regional, estão os que dizem respeito ao atendimento de equipamentos sociais de porte regional, tais como universidades e centros de pesquisas, hospitais regionais, unidades de ensino de segundo grau, redes de telefonia de última geração, assim como os que dizem respeito às condições de acessibilidade e transportes. Dentre os problemas relevantes de caráter local, estão as debilidades da organização institucional, o ambiente de escassez de recursos e as tradições perversas nas modalidades de gestão. Dentre os problemas intra-urbanos, destacam-se os que dizem respeito às áreas de concentração de pobreza.

 

As redes de cidades-base que servem de referência para o desenvolvimento são de três tipos:

Com Potencial de Governança;

De Apoio às Cadeias e aos Arranjos e Resgates Sócio-Produtivos;

Ao longo dos Principais Corredores de Transportes.

 

 

 

Cidades-Base com Potencial de Governança

Ao longo do tempo, diferentes Secretarias do Governo Estadual regionalizaram ações administrativas, criando núcleos em 33 cidades da rede estadual [6]. Estas cidades, portanto, abrigam unidades administrativas tais como as DIRES, DIRECs ou CIRETRANs. Nestas cidades, existe, todo aparelhamento disponível para que sejam estimulados processos de consolidação da administração, ora através de planos, ora por atenção especial a pontos-chave que facilitem a alavancagem do desenvolvimento. Este aparelhamento disponível favorece processos de consolidação da administração, ora através de planos, ora por atenção especial a pontos-chave que facilitem o fortalecimento da rede urbana básica. Todas as cidades desta rede podem se tornar sedes de governança, desde que o Governo do Estado passe a adotar uma política de descentralização articulada entre as diferentes Secretarias que possuem suas divisões administrativas já implantadas nas mesmas.

 

Cidade RB AD Cidade RB AD Cidade RB AD Cidade RB AD
Alagoinhas S S Euclides Cunha N S Itamaraju S S Santo Amaro S N
Amargosa N S Eunápolis S S Itapetinga S S S. Ant. Jesus S S
Barra N S Guanambi S S Jacobina S S Seabra N S
Barreiras S S Ibotirama N S Jequié S S Sr. do Bonfim S S
B.J. da Lapa S S Ilhéus S S Juazeiro S S Serrinha S S
Boquira N S Ipirá N S Macaúbas N S Rib. Pombal N S
Brumado S S Irecê N S Paulo Afonso S S Teix. Freitas S S
Caetité N S Itaberaba S S Piritiba N S Valença S S
Cruz d/Almas S N Itabuna S S Porto Seguro S N Vit. Conquista S S

 

Destas cidades, apenas onze não fazem parte da rede básica. São as seguintes:

QUADRO II

 

Amargosa Caetité Ipirá Seabra
Barra Euclides Cunha Macaúbas Rib. Pombal
Boquira Ibotirama Piritiba  

 

Todas estas cidades têm potencial para se tornarem sedes de governança, desde que o Governo do Estado passe a adotar uma política de descentralizada articulada entre as diferentes Secretarias que possuem suas divisões administrativas já implantadas nas mesmas.

 

A estratégia de desenvolvimento visa criar melhores condições de governança pari passu ao desenvolvimento econômico e social e à melhoria de condições de acessibilidade (drenagem e pavimentação das vias urbanas que se interligam aos principais corredores de transporte) para escoamento da produção local.

 

Cidades-Base das Cadeias e aos Arranjos e Resgates Sócio-Produtivos

 

A indicação de cidades-base para arranjos sócio-produtivos é fundamental para o êxito dos Planos Mestres. Os critérios para indicação de cidades-base são:

  • Localização estratégica e fácil acessibilidade para os Arranjos Sócio-Produtivos ou para os resgates sócio-produtivos, ou seja, localização nos eixos estruturantes (rodoviários, ferroviários ou hidroviário)[7];
  • Logística adequada, ou seja, existência de equipamentos estruturantes de circulação e transportes, existência de indústrias de beneficiamento e de outros usos que fortaleçam elos das cadeias produtivas selecionadas;
  • Existência de capital ambiental, humano e social.

 

Não existem proposições para esta rede urbana nos estudos existentes, embora seja de conhecimento geral que existem várias cidades que são básicas para o apoio às cadeias, arranjos e resgates sócio-produtivos, tais como os arranjos da:

Ovino-caprino-bovinocultura;

Produção sisaleira;

Produção de biocombustíveis;

Piscicultura e Peixamento;

Fruticultura;

Apicultura;

Turismo Náutico e Ecológico

Produção de oleaginosas

Silvicultura

 

A indicação desta rede de apoio leva em conta que o desempenho dos arranjos sócio-produtivos não depende unicamente da circulação e dos fluxos sociais e econômicos do Território de Identidade ao qual pertencem, mas também em todo o Estado. É importante desvendar o tipo de fluxos nos quais está inserido cada cidade-base em particular, tendo em vista a teia de interesses e demandas da produção regional ou daquela que opera em nível estadual, nacional e internacional.

 

A indicação das cidades-base deve levar em conta também o nível de sua polarização diante de outras cidades da mesma rede, tendo em vista que sempre existem interações definidas pelo critério de interdependência e interrelação dos centros urbanos que são diretamente proporcionais ao tamanho das populações urbanas e inversamente proporcionais à distância que as separam.

 

Pelo modelo nos limites das áreas de influência, há grandes possibilidades de aparecimento de atividades dependentes em cidades que não sejam cidades-base, sendo maiores na medida em que estas desenvolvam seu poder político e econômico.

 

Tais possibilidades permitem que algumas localidades possam ser importantes para determinados arranjos sócio-produtivos, embora não sejam necessariamente cidades-base, mas sim dependentes diretamente destas.

É o caso, por exemplo, de localidades com menos de 5.000 habitantes em Municípios muito pobres que venham integrar o Programa de Resgate de Arranjos Sócio-Produtivos. De qualquer modo, um novo tipo de cidades-base deverá surgir a partir do estudo dos arranjos e dos resgates sócio-produtivos.

 

Cidades-Base ao longo dos Corredores Principais de Transportes

 

O Território da Bahia é cortado por uma malha rodoviária básica, representada por rodovias federais e estaduais. Esta malha é complementada por estradas secundárias e vicinais que articulam as regiões baianas entre si e com o Centro-Sul, Centro Oeste e restante do Nordeste. Por estes corredores circulam capitais e mercadorias, propiciando o surgimento e o crescimento de localidades estratégicas, ora beneficiadas pela oferta de matérias-primas (minérios, p.e.) e alimentos (cereais e frutas, p.e.), ora pela circulação de capitais. Foi e é através destes corredores que escoa a produção baiana do interior para as cidades portuárias:

BR-101 e a BR-116, que cortam a Bahia no sentido norte-sul, interligando o Estado às regiões sudeste e sul do país e aos demais estados nordestinos;

hidrovia do São Francisco;

rodovias federais e estaduais que interligam o oeste e o norte do Estádio com as cidades portuárias do litoral.

 

Nem todas as cidades da rede de corredores são pólos de regiões econômicas.

 

Instrumentos de Planejamento das Cidades-Base

 

 

Cidades Território de Identidade Região Adm Plano

Diretor

Cadastro
Alagoinhas Agreste de Alagoinhas Litoral Norte Sim Sim Não
Valença Baixo Sul Litoral Sul Sim Sim Sim
Ilhéus Litoral Sul Litoral Sul Sim Sim Sim
Itabuna Litoral Sul Litoral Sul Sim Sim Não
Eunápolis Extremo Sul Litoral Sul Sim Sim Sim
Itamaraju Extremo Sul Litoral Sul Sim Sim Sim
Teixeira de Freitas Extremo Sul Litoral Sul Sim Sim Sim
Santo Ant. de Jesus   Recôncavo      
Bom Jesus da Lapa Velho Chico Semi-Árido Sim Sim Sim
Brumado Sertão Produtivo Semi-Árido Sim Sim Sim
Guanambi Sertão Produtivo Semi-Árido Sim Sim Sim
Irecê Irecê Semi-Árido Sim Não Não
Itaberaba Piemonte do Paraguaçu Semi-Árido Sim Sim Não
Itapetinga Itapetinga Semi-Árido Sim Sim Sim
Jacobina Piemonte de Diamantina Semi-Árido Sim Sim Sim
Juazeiro Sertão do São Francisco Semi-Árido Sim Sim Sim
Paulo Afonso Itaparica (BA-PE) Semi-Árido Sim Sim Sim
Senhor do Bonfim Piemonte Norte do Itapicuru Semi-Árido Sim Sim Sim
Serrinha Sisal Semi-Árido Sim Sim Não
Vitória da Conquista Vitória da Conquista Semi-Árido Sim Não Não
Jequié          
Barreiras Oeste Baiano Oeste Sim Sim Não

 

 

 

 

 

População das Cidades-Base

 

 

Macro-Região

Cidades

Território de Identidade

População

Total

Urbana

Litoral Norte Alagoinhas Litoral Norte

129.617

112.339

Litoral Sul Valença Baixo Sul

77.453

55.580

Ilhéus Litoral Sul

221.883

161.898

Itabuna Litoral Sul

196.456

190.888

Eunápolis Extremo Sul

84.412

79.151

Itamaraju Extremo Sul

64.033

47.926

Teixeira de Freitas Extremo Sul

107.257

98.469

Recôncavo

Santo Antonio de Jesus  

77.340

66.219

Semi-Árido

Bom Jesus da Lapa Velho Chico

54.279

37.589

Brumado Sertão Produtivo

61.634

40.673

Guanambi Sertão Produtivo

71.726

53.995

Irecê Irecê

57.360

53.073

Itaberaba Piemonte do Paraguaçu

58.873

44.466

Itapetinga Itapetinga

57.800

55.052

Jacobina Piemonte de Diamantina

76.429

52.048

Juazeiro Sertão do São Francisco

174.101

132.796

Paulo Afonso Itaparica (BA-PE)

96.428

82.514

Senhor do Bonfim Piemonte Norte do Itapicuru

66.676

51.305

Serrinha Sisal

83.187

45.892

Vitória da Conquista Vitória da Conquista

262.585

225.430

Jequié  

147.115

130.207

Oeste

Barreiras Oeste Baiano

131.335

115.331

 

 

Territórios Autônomos

 

De Quilombolas

 

Territórios quilombolas estão em processo de identificação e delimitação. Cada um deles deve ser objeto de um Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID).

 

A demarcação de territórios quilombolas, assim como de reservas indígenas, é quase sempre dificultada pela existência de posseiros que não aceitam retirar-se das terras que pleiteiam como suas, de boa ou má-fé. São áreas de alta vulnerabilidade social pelos conflitos de interesse, muitas vezes culminando em mortes, como nos casos do território de São Francisco do Paraguaçu.

 

Nota: Depois do reconhecimento oficial, vem a etapa de desintrusão, ou seja, a etapa de identificação dos imóveis rurais dentro do perímetro da comunidade. A terceira fase implica na desapropriação dos imóveis particulares, sendo que as famílias não quilombolas que se enquadrarem no Plano Nacional de Reforma Agrária, poderão ser reassentadas. A quarta fase é a titulação, na qual a comunidade recebe um único título.

 

 

Indígenas

 

A delimitação das terras indígenas tem encontrado inúmeras dificuldades diante das pressões de madeireiros, garimpeiros, lavradores. É o caso, por exemplo, da demarcação das terras dos pataxós hã-hã-hãe da reserva Caramuru-Paraguaçu, espalhadas pelos Municípios de Pau Brasil, Camacan e Itaju a Colônia. Gerou um conflito que perdura há 26 anos. Em 1926, a União estabeleceu 36 mil hectares, sendo 14 mil para a preservação da floresta e 22 mil para os tupinambás. A reserva foi demarcada entre 1936 e 38. Havia poucos índios e o SPI (Serviço de Proteção ao Índio) arrendou parte das terras a 3.000 posseiros. Em 1958, 20 mil hectares foram devolvidos à União. É possível que os índios só tenham vindo em quantidade para Pau Brasil em 1982, quando foi feita nova demarcação, com 54 mil hectares, sendo 19 mil ocupados pelos pataxós e 35 mil nas mãos de grandes latifundiários.

 

Em todo este período, conflitos entre índios e fazendeiros já resultaram na morte de 20 índios e 2 policiais militares.

 

 

 

Assentamentos Rurais

 

O MST tem 123 assentamentos na Bahia, com 9.100 famílias assentadas e 20.000 acampadas. Segundo o INCRA, há 450 projetos de assentamento no Estado, incluindo os que são administrados por outros movimentos. Totalizam 38.000 famílias assentadas e 27.000 acampadas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



[1] Algumas cidades não estão caracterizadas como centros comerciais de porte interestadual ou de abrangência local, nem tampouco como turísticas por excelência. Mas a multiplicidade de funções comerciais e de serviços que abrigam, além de funções industriais, as colocam no rol das cidades estratégicas. São as cidades de Paulo Afonso, Jequié, Juazeiro e Vitória da Conquista.

[2] Em trabalhos distintos sobre a rede estadual, com metodologias e objetivos diferenciados, chegou-se, em todos eles, à mesma constatação, tais como os de Ornelas, 1980, Cunha, 1991 e Porto et alli, 1997.

[3] Considera-se a metrópole de Salvador como o conjunto que envolve a cidade de Salvador, Lauro de Freitas, Simões Filho, Vera Cruz e Itaparica.

[4] Algumas cidades não estão caracterizadas como centros comerciais de porte interestadual ou de abrangência local, nem tampouco como turísticas por excelência. Mas a multiplicidade de funções comerciais e de serviços que abrigam, além de funções industriais, as colocam no rol das cidades estratégicas. São as cidades de Alagoinhas, Paulo Afonso, Ilhéus, Santo Amaro, Jequié, Valença, Juazeiro e Vitória da Conquista.

[5] Exceção relativa pode ser dada para as cidades de Salvador, Camaçari e Feira de Santana, que têm condição privilegiada em relação às demais, tendo em vista que contam com um volume maior de recursos através de programas específicos.

[6] Existem outras que desempenham funções para uma outra Secretaria isoladamente

[7] A localização estratégica de arranjos ou resgates sócio-produtivos em estradas vicinais que se vinculem a eixos estruturantes em nível regional é, em geral, estruturante apenas em relação ao Território de Identidade onde os mesmos se desenvolvem.